sexta-feira, dezembro 24, 2010

SOBRE FÉ, DIVINDADES E EPIDERME



Não possuo qualquer formação na área das ciências humanas. É verdade que tive História da Ciência na graduação, assim como posteriormente freqüentei alguns cursos na área de Filosofia. Mas para todos os efeitos, minha vida acadêmica remete exclusivamente às ciências biológicas. Entretanto, fatos cotidianos fizeram-me ater a um assunto extremamente pertinente nos dias atuais, que está diretamente relacionado com a dita grande área das humanidades e para o qual boa parte da população prefere fazer vista grossa: a noção extremamente particular, e por vezes egocêntrica, que muitos indivíduos possuem da divindade.
Sim, este meu post tem a clara intenção de provocar. Considero a provocação racional algo não apenas necessário como muito bem vindo. Contudo, não tenho aqui a pretensão de estabelecer uma maneira "correta" ou "melhor" de se acreditar numa força superior. Essa é uma ferramenta dos fanáticos religiosos e nem religioso eu sou. Muito menos agirei como os militantes pró Dawkins, tentando convencer a todos de que ter qualquer tipo de fé é uma grande bobagem e só lhes traria prejuízos. Sou bem menos megalomaníaco. Acredito seriamente que fé constitui algo extremamente pessoal, obviamente subjetivo, além de sujeito as mais diversas condições históricas e sociais. Aliás, mantenho como um dos alicerces da minha filosofia pessoal de vida a noção de que todo tipo de fé é válido, desde que o respeito à fé de outrem faça parte da mesma. Mas o mundo real nos mostra que a coisa não é tão simples. Aqueles que, assim como eu, já cresceram e não tem medo de enxergar as coisas como elas realmente são, abandonando qualquer ideal de um mundo cor de rosa, sabem muito bem que esse não é um mal dos “tempos modernos”, uma vez que a nossa espécie sempre foi, por natureza, separatista. Acredita que não existe discriminação religiosa no Brasil? Então experimente declarar abertamente diante de um público heterogêneo que você não celebra Natal, para ver o número de indivíduos que te olharão torto. Ou, como já presenciei, experimente organizar um culto afro-brasileiro num local próximo a residência de um evangélico.
Realmente não é preciso chegar ao extremo das guerras e homicídios para se perceber a intolerância religiosa. E o que pretendo abordar hoje são justamente a intolerância e o egoísmo mais tênues, presentes no dia a dia e por vezes até exaltados pela mídia. Pretendo desnudar aqueles comportamentos socialmente aceitáveis e que geralmente passam despercebidos, deixando a falsa impressão de que são inofensivas manifestações culturais, mas que na verdade estão longe de serem inocentes. É impressionante como muitas pessoas, famosas e anônimas, levam sua fé ao ponto de uma pessoalidade e intimidade que beiram o surrealismo. Bandidos que se julgam “protegidos por Deus” e carregam patuás para "fechar seu corpo" contra seus inimigos. Donas de casa carolas e supostamente de boa índole que atribuem desgraças ocorridas com seus desafetos a um possível castigo divino. Jogadores de futebol que rezam para conseguir marcar aquele gol importante e ainda atribuem a vitória do time em que jogam a Deus ou ao seu santo de fé. Sem falar nos já emblemáticos rituais do torcedor brasileiro (que há muito fazem parte do meio futebolístico, mas que também já chegaram a outros esportes, a exemplo do vôlei), como rezar durante os jogos, vestir sua “camisa da sorte”, usar amuletos e benzer o seu computador ou aparelho de televisão, só pra citar alguns. Parece que algumas pessoas gostam de se sentir os favoritos de seus deuses e guias. O que provoca a inevitável pergunta: se Deus está do lado do seu time/país/igreja/facção criminosa, então quem estaria do lado do adversário? O Diabo? O Monstro de Espaguete Voador? O Mário Brós? O ET Bilu? Ninguém? Indo mais longe, ao atribuir a Deus ou ao seu santo a vitória da sua equipe, o profissional do esporte/torcedor não estaria creditando ao mesmo a derrota da equipe adversária? Então Deus realmente teria um lado? O mais irônico é que sempre que faço essa pergunta recebo como resposta um silêncio sepulcral ou, no máximo, um resmungo ininteligível, num misto de espanto e constrangimento. Convido o prezado leitor, que certamente conhece alguém assim (e não me surpreenderia nem um pouco se dividisse o teto com o mesmo), a testar tal experiência.
No que tange ao hábito de torcer, pra mim torna-se inevitável, até mesmo como uma forma divertida de autoprovocação, tentar relacionar os sistemas de fé pelos quais já passei ao longo destes trinta e quatro anos de vida com tal tipo de postura. Decididamente, Mamãe Ártemis e Pai Oxossi não seriam de forma alguma os mais indicados para eu me valer como torcedor, sob risco de tudo virar pretexto pra eu querer crivar meio mundo de flechas. Ainda que a beleza natural e selvagem, aliada a um espírito indomável façam das Mulheres-Ártemis aquelas que geralmente me encantam, não acho prudente invocar os atributos da deusa caçadora nem se estiver torcendo sozinho no sofá de casa. Já Mamãe Oxum e Papai Dioniso parecem combinar muito mais com a idéia. A primeira é uma Grande Mãe e, como tal, me acolheria nos momentos de desolação provocados por uma eventual derrota da equipe para a qual eu estiver torcendo. Senhora das Águas, me guiaria se eu um dia decidisse trilhar o caminho de um esporte aquático. E o segundo, mais que o detentor do poder festeiro tão conhecido do senso comum, é a própria essência da metamorfose (presente em toda a natureza, já que tudo está sempre mudando, a começar pelo planeta onde vivemos), além de simbolizar nada menos que todas as formas de catarse (cuja importância no calor de uma partida decisiva dispensa comentários), dentre muitos outros atributos. Penso que o filho de Zeus e Sêmele me ajudaria a aceitar o caráter mutável de todo esporte. E tanto Ele quanto Oxum estão intimamente relacionados às mais diversas expressões de beleza (diferente por exemplo de Afrodite, quase que restrita aos aspectos sexuais da mesma), que eu posso identificar tanto na genialidade de um lance quanto na formosura de certas atletas. Brincadeiras a parte, e com todo o respeito e apreço que eu nutro pelas entidades mencionadas, a verdade é que essa relação por vezes egoísta com o divino tem sua origem em três aspectos fundamentais, que norteiam a humanidade desde os seus primórdios.
Iniciarei por aquele sobre o qual eu estou mais capacitado a discutir: o aspecto biológico. Há alguns anos, numa conversa online com um colega de profissão, o mesmo levantou uma questão da qual até então eu nunca havia me dado conta. Ele discorreu sobre como a espécie humana poderia ser completamente diferente se alterássemos nela um único detalhe: a sua pele. Uma observação extremamente pertinente e que faz todo o sentido. A nossa pele, mais precisamente a epiderme, a camada mais externa da mesma, constituída basicamente de queratina; oculta muito da nossa anatomia, das nossas imperfeições e, especialmente, da nossa natureza animal. Muito do que admiramos e temos como conceito de beleza é constituído em sua maior parte, se não inteiramente, pela epiderme. De fato, nossa epiderme é a única coisa, além do tamanho da massa encefálica, que nos diferencia dos outros primatas; que são bem mais peludos e com bem menos diversidade de pigmentação dérmica. Imaginemos como seria então a espécie humana se sua pele, ou ao menos a epiderme fosse transparente (como ocorre com alguns anfíbios e répteis). Músculos se contraindo e se expandindo, tendões em movimento, nervos e até alguns ossos e órgãos internos seriam visíveis. Toda a nossa anatomia mamífera primata não teria como ser negada. Tal característica tornaria a condição animal do Homo sapiens algo tão óbvio que qualquer tentativa de separação ou deificação da espécie soaria, no mínimo, ingênua. Sabe-se que a dificuldade dos adeptos de certas formas de fé de enxergar o ser humano como aquilo que é (uma espécie animal) reside em grande parte na nossa anatomia externa, que acaba sendo uma grande arma na mão dos doutrinadores mais capazes. O próprio criacionismo (ver meu texto Sobre o Criacionismo) baseia-se na idéia de que o ser humano é uma criatura a parte, de características semi-divinas (“pouco menos que anjos”, como os próprios criacionistas costumam dizer) e que foi criado em separado do resto da natureza. Prometo abordar esse assunto mais profundamente num post futuro, mas adianto que uma das maiores ofensas para um criacionista ou qualquer outro tipo de fanático das grandes religiões monoteístas é ser chamado ou mesmo comparado com qualquer animal. Pior ainda se com os outros primatas. Portanto, não seria errado afirmar que, a partir da alteração desse simples detalhe anatômico, a história da humanidade seria completamente outra. Haveria então outra visão do ser humano sobre si mesmo e o universo. As idéias de "preferidos de um Criador" e "criados à imagem e semelhança Dele" sequer chegariam a existir. Os próprios conceitos de uma Ordem Superior e de religiosidade (se é que chegariam a surgir religiões) seriam bem diferentes. Intolerância por simples diferenças externas não teria sequer motivos para surgir. Sem falar em quão diferentes seriam os conceitos de beleza. O mundo, de fato, seria outro. E que bela idéia para um enredo de ficção científica! Fica a deixa para os meus amigos escritores do gênero, se é que algum deles já não pensou em algo assim.
Engana-se, porém, quem pensa que a idéia de superioridade da espécie humana sobre os outros seres surgiu com as religiões monoteístas. Na verdade ela é bem mais antiga. E é justamente aí que reside o segundo aspecto dessa discussão: o antropológico; relacionado à história da fé nas diversas culturas humanas. As primeiras civilizações, a cerca de 5.000 a.C. ainda possuíam uma visão da divindade e de todo o universo que hoje é denominada panteísta: aonde o próprio cosmo seria uma entidade superior mantenedora e que, portanto, tudo fazia parte dela. Esse pensamento sobrevive hoje nas culturas nativas de todo o mundo e nos sistemas de fé mais antigos e tradicionais do Oriente (Hinduísmo, Budismo e Taoísmo), que apesar de suas diferenças, possuem em comum, cada qual à sua maneira, uma visão do ser humano como parte indissociável de um todo muito maior. Nesses sistemas de fé não há privilégio de nenhuma criatura ou elemento sobre os demais. Para um índio, desde um ser humano até uma pedra possuem alma. Na Europa, as civilizações que melhor ilustram esse tipo de fé são os Minóicos e os Celtas. Isso começou a mudar quando os povos indo-europeus começaram e se espalhar pela Europa, Norte da África e Oriente Médio. Originalmente politeístas (cultuadores de vários deuses), eles se estabeleceram com grande sucesso no Mediterrâneo, originando aquela que mais tarde seria conhecida como civilização grega. Tais culturas eram marcadas pelo que alguns chamam de supervalorização do aspecto masculino do ser humano (representada por comportamentos como o belicismo exacerbado e o domínio de outros povos pelo uso da força), em detrimento dos aspectos considerados femininos (como a troca de conhecimento). Tanto que uma marca registrada desses povos presente até hoje na cultura ocidental, ainda que tenha se atenuado nas últimas quatro décadas, é o papel sempre secundário da mulher – na Grécia Antiga, as mulheres valiam menos que os escravos. Entre os panteístas, homens e mulheres gozam do mesmo status, ainda que haja uma divisão bem clara de tarefas.
Ainda antes do início da Era Cristã, essa nova cultura dominante valorizava cada vez mais os caracteres que consideravam exclusivos do ser humano, algo que pode ser claramente verificado nas representações dos seus deuses, cada vez mais antropomórficas – vide os panteões grego e nórdico. Pouco a pouco, o ser humano passou a ser visto no Ocidente como senhor dos outros seres; direito esse delegado a ele pelos próprios deuses. Esse conceito se fortaleceu com o surgimento das três grandes religiões monoteístas (por ordem, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo) no Oriente Médio. Esses sistemas de fé amputaram de vez o ser humano da natureza, colocando-o num lugar de destaque, praticamente no centro do universo. Tornamo-nos então a obra favorita do Grande Criador. E em certos casos, isso valia apenas para os membros de certo credo ou civilização – os outros sequer eram considerados pessoas, a exemplo de como os europeus viam os índios durante as colonizações e até recentemente, os brancos australianos viam os aborígines. O deus judaico-cristão, com a sua aparência totalmente humana, masculina e completamente assexuada tornou-se, paradoxalmente, o motivo da “imagem e semelhança”, num antropocentrismo patriarcal que vigora ainda hoje em quase todo o planeta. Deuses de aparência animalesca (notadamente os cultuados pelos celtas e os povos africanos) tornaram-se demônios, mostrando que, se a existência do Mal é pura questão de fé, a figura do Diabo é sabidamente uma criação cristã. Sob esse aspecto, o Islamismo parece ser a grande exceção, com a sua divindade suprema sem forma e aparência definindas e cuja qualquer tentativa de representação, inclusive, é terminantemente proibida. Isso teve conseqüências de grande impacto na história, sendo talvez a degradação dos ecossistemas da Terra em escala global a mais óbvia. Afinal, o bicho homem não mais se considerava parte da natureza, mas sim proprietário da mesma, podendo usá-la a seu bel prazer. Essa cisão entre o indivíduo e o mundo, parte essencial da cultura do Ocidente, também é o motivo pelo qual muitas pessoas tendem a sentir e expressar uma fé resumida entre si mesmo e sua divindade, ignorando (e por vezes excluindo totalmente) todos os outros aspectos universais. Diferente do que ocorre nas culturas orientais tradicionais, o homem ocidental, desde o mais culto até o menos instruído, tende a se ver como externo e independente do mundo que observa e com o qual interage. Isso muitas vezes acaba por, como nos exemplos citados no início deste texto, ocasionar uma idéia de que a divindade estaria ao seu lado e não como a ordem superior de todas as coisas. Isso também explica porque o fanatismo religioso é tão raro no Extremo Oriente. Mesmo quando a sua fé apresenta algumas representações que recebem nomes (como, por exemplo, os milhares de deuses do Hinduísmo), o panteísta tem plena noção de que elas são apenas arquétipos de algo muito maior. De fato elas nunca existiram, fisicamente falando. Esse conceito é muito difícil de compreender para um fanático monoteísta, acostumado a personificar sua divindade. A própria filosofia das religiões orientais tradicionais e da hoje denominada fé pagã (representada principalmente pela Bruxaria e o Xamanismo) impede uma visão pessoal e egocêntrica de um Criador ou Ordem Superior.
Cabe aqui um esclarecimento. As primeiras civilizações humanas, bem como os povos nativos atuais, estão bem longe da paz e harmonia pregada por alguns neopagãos mal informados. A história não mostra de forma alguma que os povos panteístas não eram combativos ou que o mundo antes da grande marcha indo-européia seria um paraíso. Muito pelo contrário. Assassinatos, roubos e estupros são tão antigos quanto a própria humanidade. O que ocorreu foi um aumento considerável desses atos quando essa cultura passou a prevalecer sobre as demais nos locais onde se fixou. Filmes como o recente Avatar, de James Cameron, contribuem ainda mais pra essa visão romântica e distorcida dos povos nativos (numa nova versão para o Mito do Bom Selvagem), mostrando-os como indivíduos totalmente destituídos de maldade (coisa que só teria vindo com o “homem civilizado”) e em total harmonia com todas as outras formas de vida. Hoje sabemos que não só sempre houve tribos que eram inimigas no supercontinente americano, como também que muitas delas ajudaram os colonizadores europeus na destruição umas das outras. Sem falar no desmatamento que algumas tribos já provocavam nos Andes e na Região Amazônica séculos antes das grandes navegações. De fato, estudar dá trabalho. É bem mais fácil romantizar e idealizar o passado.
Por fim, o terceiro aspecto refere-se diretamente à filosofia, mais precisamente a Filosofia da Ciência. No século XVII o filósofo, físico e matemético francês René Descartes (1596-1650), ele próprio um dos ferrenhos adeptos das idéias de Pitágoras (entre outras, a de que "tudo são números") introduziu na filosofia e na ciência o pensamento da separação fundamental entre eu e o mundo, que predominou até boa parte do século XX. Tal conceito pressupunha que a observação dos fenômenos não incluía o observador como parte do processo. Este pensamento enraizou-se de tal forma na cultura do Ocidente, que acabou extrapolando para outras áreas, como a religiosidade – aonde, como vimos, a idéia do homem como entidade separada da natureza já era bem forte. Claro que esse pensamento teve conseqüências positivas, notadamente no campo das ciências empíricas (ver meu texto Ciência e Trabalho Científico), como a física, a química e a biologia. Mas também não há como negar as já mencionadas conseqüências negativas, bem visíveis hoje tanto no Ocidente quanto no Oriente Médio. Curiosamente, descobertas efetuadas no século XX dentro da física começaram a abalar tal idéia sobre o universo. A Mecânica Quântica, a Teoria do Caos e a Teoria da Relatividade vieram mostrar que a separação entre o observador e o fenômeno observado não é aplicável, pelo menos em algumas áreas do conhecimento científico. O próprio Princípio da Incerteza, brilhantemente elaborado pelo físico alemão Werner Heisenberg (1901-1976) ao observar o comportamento das partículas subatômicas, deixa isso bem claro: ao menos no mundo do muito pequeno, a observação de fenômenos não pode de forma alguma excluir o observador, uma vez que a própria presença deste alteraria o que se pretende observar. Alguns físicos mais excêntricos, como o britânico Fritjof Capra (autor, entre outros, do célebre O Tao da Física), sugerem que essa visão holística do universo e dos seus fenômenos deveria ser ampliada à ciência como um todo; o que terminou por originar uma série de discussões e controvérsias cuja diversidade e complexidade me impedem de abordá-las nesse texto.
Cresci ouvindo que fé e religião não se discutiam. Hoje, felizmente, sei que tal afirmação além de falsa tem forte caráter manipulador e totalitário – proibir certos assuntos é sabidamente uma forma eficiente de controle. Tal “mandamento” abre espaço para uma série de intolerâncias, mais discretas e por vezes até divertidas, mas nem por isso menos perigosas. Às vésperas das festas de final de ano, vemos a celebração da hipocrisia. Cita-se o “espírito natalino” ao se abraçar pessoas da qual sabidamente não se gosta apenas para, no começo do ano seguinte, puxar o tapete de meio mundo, passar a perna noutra boa parte do mesmo e pisar na cabeça do restante em nome da “realização dos sonhos e metas do ano novo”. Claro que nem todo mundo é assim, mas é o que sempre ocorre. E não raras vezes poderes sobrenaturais ou divinos são invocados para justificas tais atitudes. Apesar de tudo isso, confesso que ainda mantenho um fio de esperança na humanidade. Talvez seja isso que me dá tanto prazer em gostar de algumas pessoas. Ou talvez seja o contrário: esse fio de esperança tenha sua origem justamente em todo esse amor – sim, pode não parecer, mas eu ainda acredito no amor, graças a essas mesmas pessoas. Não desejo para o futuro um planeta Terra povoado por ursinhos carinhosos totalmente pacifistas e abestalhadamente felizes. Aqueles que sonham com isso (os alienados do mundo cor de rosa, notadamente muitos dos fãs do Avatar de James Cameron) se decepcionarão profundamente. A humanidade nunca foi, não é e nem nunca será assim. Mas acredito que ainda existe a possibilidade das pessoas se respeitarem mais, de aceitarem melhor as suas diferenças. Passos importantes nesse sentido, ainda que de jabuti, já foram e estão sendo dados. Para isso, em primeiro lugar, deveríamos ser menos hipócritas e começar a praticar aquilo que pregamos e afirmamos seguir, independente de qual seja a nossa fé – ou ausência de fé, no caso dos ateus.
Este é o meu último post do ano. Se por ventura o leitor se ofendeu porque vestiu alguma das carapuças citadas, parabéns. Você acabou de perceber que é tão imperfeito quanto os demais representantes da sua espécie, o que já é um grande passo em direção a autoavaliação e o crescimento pessoal, algo sempre válido. Às vezes só mesmo o choque pra fazer alguém acordar. Claro que não tive aqui a intenção de iniciar qualquer tipo de “campanha anti-qualquer-coisa”. Isso seria muito aborrescente-pré-universitário-que-ainda-não-descobriu-o-mundo-real. E tenho plena certeza de que os meus leitores são perfeitamente capazes de discernir uma coisa da outra. Mais uma vez, a palavra chave é respeito. Namaste.

5 comentários:

Bondgirlpatthy 007 disse...

A fé é cheia de mistérios. Poucos são os seres humanos q aceitam sua condição de imperfeitos. Bjs e um Feliz 2011.

azhiel disse...

Ficou até dificil comentar rs. Abraços =)

Mila Fernandes disse...

"Aliás, mantenho como um dos alicerces da minha filosofia pessoal de vida a noção de que todo tipo de fé é válido, desde que o respeito à fé de outrem faça parte da mesma."

Átila, se o comentário fosse meu, teria sido escrito da seguinte forme:

"Aliás, mantenho como um dos alicerces da minha filosofia pessoal de vida a noção de que todo tipo de fé é válido, desde que o respeito à fé de outrem - assim como à FALTA DE FÉ de outrem - faça parte da mesma."

Ateia que convive numa boa com amigos das mais diversas religiões, faço coro à sua postura. ;-)

Átila Oliveira disse...

Muito obrigado, Patthy e Azhiel. Opiniões de vocês são sempre bem vindas.

Átila Oliveira disse...

Bem lembrado, Mila.
Não podemos esquecer o preconceito que existe com relação aos ateus.
Obrigado e beijão.

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